Ex-presidente da Bolívia, Luis Arce é preso suspeito de corrupção
O ex-presidente boliviano Luis Arce foi detido nesta quarta-feira (10) por policiais em La Paz, depois que o Ministério Público iniciou investigações por um caso de suposta corrupção quando ele era ministro do ex-mandatário Evo Morales (2006-2019), informou o governo.
O esquerdista Arce, de 62 anos, deixou o poder em 8 de novembro. Sua saída marcou o fim de 20 anos de governos socialistas iniciados por Morales e a chegada de Rodrigo Paz, de centro-direita.
Fontes do Ministério Público disseram à AFP que Arce deverá responder pelos supostos crimes de "descumprimento de deveres" e "conduta antieconômica".
"Quero parabenizar os efetivos [...] da Divisão Anticorrupção [...] por terem detido, cumprindo uma ordem de prisão emitida por uma autoridade judicial", o ex-presidente Arce, disse Edmand Lara, vice-presidente do país, em vídeo difundido pela imprensa local.
Quando era ministro da Economia no governo Morales, Arce autorizou transferências do tesouro público para contas pessoais de líderes camponeses, segundo a denúncia que motivou sua detenção.
O suposto desvio de dinheiro foi realizado por meio do Fundo para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas Originários (Fondioc), um fundo estatal que foi encerrado por irregularidades em 2015 e substituído pelo Fundo de Desenvolvimento Indígena.
Uma das beneficiadas foi a ex-deputada de esquerda Lidia Patty, que foi detida na semana passada e revelou, durante interrogatório, que a transferência foi avalizada pelo então ministro da Economia.
De acordo com a investigação, ela recebeu cerca de 100 mil dólares (cerca de 542 mil reais na cotação atual) para um projeto de cultivo de tomates.
"Como dissemos uma vez: Luis Arce será o primeiro a ser preso. E estamos cumprindo. Todos que roubaram esta pátria vão devolver até o último centavo", acrescentou Lara.
- Na mira -
A ex-ministra de Arce (2020-2025) María Nela Prada afirmou que ele foi detido no bairro de Sopocachi, próximo ao centro de La Paz, e depois levado para uma unidade policial.
"Ele estava sozinho. Colocaram-no em uma van com vidros escuros", disse Prada.
Fotos publicadas pela imprensa mostram Arce dentro de um veículo durante seu traslado para os escritórios da Força Especial de Combate ao Crime, em La Paz.
Prada mostrou-se surpresa com a prisão, afirmando que "não houve qualquer notificação".
Na Bolívia, por lei, as autoridades do Executivo que deixam um cargo estão impedidas de sair do país por um prazo de 90 dias.
Em sua primeira semana de governo, o presidente Rodrigo Paz denunciou que encontrou um Estado transformado em "um esgoto de dimensões extraordinárias" pela suposta má gestão dos governos do Movimento Ao Socialismo (MAS).
Também anunciou auditorias em empresas públicas. Nesta semana, o Ministério Público denunciou seis ex-executivos da petroleira estatal YPFB por corrupção.
(A.Moore--TAG)